31 de dez. de 2008

Silêncio 1

O SILÊNCIO


É O REPOUSO


DO OUVIDO...

Silêncio

EM SILENCIO
PODEMOS OUVIR
AS PALVRAS
DA ALMA...

Fala

FALAR DEMAIS


NÃO EXERCITA A VOZ.


F AZ DE NÓS

TAGARELAS....

Pássaros

Ah...esse cantar em manhãs
Onde pássaros em revoadas
Já vão longe, vida afora
Buscando liberdades...


Ah...esse cantar de aventureiros
Cidades,campos, metrópoles
Roubam anoiteceres
Devastam pântanos e sangas...


Ah...esse raro ar
Milhões de expiações
Sobrevoam ventos
Vão longe, vida afora...


Ah, esse cantar de pássaros...
Buscam liberdades
De verdades....


Ah, esse cantar de pássaro!

(06/06/2008)

Lugares

Vês, as coisas não tem mais a
importância de antes...
o prato sujo no criado mudo
que insiste em não querer mais
estar no lugar devido

Afinal...que lugar tem as coisas
mudas
criadas
por nós
no criado mudo?

Prato é apenas
utensílio
surdo
calado em cantos
da casa

comida em hora
marcada...

13 de dez. de 2008

Tempo de agora

Homens soberbos, reis destronados
Descalços falidos são abandonados
Terra desfeita em mar revolto

Reduzimos trajédias
Para não ficarmos loucos...


(Miguel Tostes, 05/09/2007 - Porto Triste)

Calma coração

Acalmo o coração com velhas canções
Estabeleço conexão interna ligando-me a algo,
Um fio
Uma luz
Por vezes fraca, cansada
Outros momentos....
Reluz

Dois pontos opostos que se cruzam
Reconhecendo-se entre olhos
Que não querem ver....

Fica calmo
Meu coração!
(Preta - Miguel Tostes - POA - 05/09/07)

30 de jul. de 2008

Silêncio 3

Quanto tempo tem um silêncio?
Sem ruído de nada, nem de bicho?
Quanto tempo tem um silêncio
Dito assim:

Silêncio...!?

9 de jul. de 2008

A volta

Estão de volta essas linhas
Escritas como rajadas de vento
Hora quentes, por vezes... brisa
Sussurros moucos, segredos, despedidas

Esse retorno momentâneo, bem vindo
Carrega consigo curioso mistério:
Lembranças repentinas
Cúmplices de toda uma vida?

Quando passa muito tempo
Sobram letras desbotadas...
E o poeta não reage
Aceita, feliz e... volta

De retornos em cascatas
Busca apenas alimento
Qual dependente, viciado
Em inspiração e encantamento...

Preta -Porto Alegre - Sexta-feira -Agosto -Trinta e um -Dois mil e um.

Vegetal

Trabalho
Desperto
Acordo
Levanto
Dirijo
Indigesto
Não vivo
Levam-me
Sem tempo
De ser feliz!
(Porto Alegre, em um dia qualquer)

Aprisionados

Antigamente nos jogavam aos leões
Hoje nos mantêm aprisionados em nós mesmos!
Sinais das civilizações...?

Cada época deixa rastros da sua passagem
Com todas as contradições humanas:

Da beleza mais rara
À destruição inimaginável!

(2007-05-16)
Porto Alegre

500 enganos

São muitos enganos que temos
Cada um parcela de culpa
São tantos anos morrendo
Pedindo, sempre desculpas...
Quinhentas vezes malditos
Homens que aqui aportaram
Trazendo com eles os gritos
Suores, açoites, descasos
São tantos enganos vividos
País do futuro sem nada
Indefeso como selvagens
Sem rios e matas à tarde
Dignidade sempre curvada
Fragmentos de vida aos pedaços
Nem mais quinhentos anos bastarão
Contar essa triste jornada:
Quinhentos anos de exploração.
(Preta, Porto Alegre, 14/04/2000)

26 de jun. de 2008

Distraída

Quanto mais e mais o tempo passa
Vou, aos poucos, lembrando menos de você
E por mais que esse tempo passe
Não permite de todo lhe esquecer...

Quisera não lembrar da sua face
Suas mãos segurando, firmes, as minhas
Nem seu beijo, molhado, ardente
Confundindo minh’alma e língua

Por mais que eu passe nessa vida
Por mais que eu tente esquecer
Pego-me, assim, distraída
Lembrando cada vez menos de você...

(26/06/2008)

25 de jun. de 2008

Dormir e acordar

É na manhã que nasce todo o dia
E finais de todas as tardes
Pensamentos mais forte invadem
Em simples confusas dúvidas...

Ao acordar, o espírito descansado,
Surge em esperanças de novas alegrias
Mas, ao final da tarde, já cansado,
Quer dormir, esquecendo-se do dia...

Noites, manhãs, tardes, horas passadas
Surgem, nascem, fenecem todos os dias

É a vida que passa distraída
Como brisa soprada em noite fria...

E, assim, em inícios e findares
Vai-se a vida, eterna distraída
Desperta muito mais ao amanhecer
Exaurida ao findar de cada dia...

(Preta - 24/6/2008)

21 de mai. de 2008

Vagalume


Quando criança me encantavam vagalumes
Curioso mistério, mágica assombração?

Acende...
Apaga...

Asas claras
Imaginação...

Gastava olhares em noites a pensar:
- É possível lâmpada voar?

Infinita inocência de infância
Pousavam-me grilos
Pirilampos
a piscar...

(07/03/99)

19 de mai. de 2008

Desânimo

Sinto-me desamada
amargurada pela dor do amor
tão ausente
murcha...como flor!

18 de mai. de 2008

Mulheres


Somos mil em uma noite
Sedutoras em devaneio
Somos muito misturadas
Semeadoras de mutantes...

Somos tantas nessa aldeia
Temos teses, doutorados
Infiltrados, escondidos
Em masmorras encantadas...

Somos feias, baixas, gordas
Muitas deusas empoadas
Temos medos, mil desejos
Somos vida anunciada...

Somos plenas divisões
Feridas cunhada em rasgos
Somos anjos e demônios
Em noites de sobressaltos...

Somos filhas, mães, avós
Primas contadas em escala
Somos amigas, conselheiras
Tias desajeitadas...

Somos!
Mulheres...

16 de mai. de 2008

Idade

Os anos não contam tempo 

A vida é que conta histórias 

De que importa agora o vento 

Que apaga nossa memória? 
 
É certo que tudo passa 

Mais tarde ou cedo não falha 

Ter fim a idade de agora 
Jovem Velha Senhora...

11 de mai. de 2008

Caminho

MEU SILÊNCIO SEGUIRÁ
POR ONDE ANDAR
TEU CANTAR
MEU AMOR FICARÁ
ONDE PASSAR
TEU CAMINHAR
MEUS OLHOS SEGUIRÃO
PARA ONDE
OLHAR TEU OLHAR

Pretensão

Não quero fazer mais nada
apenas
escrever
escrever
escrever...

Até aprender

Não me importa não fazer nada
apenas
escrever
escrever
escrever...

Até nem isso mais fazer...

Escrever
Escrever
Escrever


Até aprender....

Despertar

Acordei em ti
muito antes de
adormecer

Acordei em nós
bem antes do
anoitecer

Acordei de mim
muito antes
de morrer
de
amor



Devagar

lagarta 
lenta 
leva 
lembranças 

 mariposa noturna 
feiticeira do amor 

 (27/5/99)

Quem somos

Quem somos
seres humanos
destruidores de sonhos?

Que humanos somos
animais ferozes
ignorantes mortais?

Quem somos
Na espera
do hoje

nada mais?

(10/08/200)

Dia-a-dia

O sol, quando nasce,
mostra a face

A lua, em noite escura,
esconde a sua

Quando isso acontece
prefiro o dia

(10/08/2000)

Egoismo

Sou egoista
Tão egoísta
Que reconheço:

Poderia ter feito
Muito mais
Por nós
Dois
Ou
Três
Ou
Quatro
Ou
Todo
O
Mundo

10 de mai. de 2008

Alerta

Estamos esquecendo
de sermos humanos
não percebendo irmãos
em cada esquina
- cruéis inimigos

Pensamos como seres evoluídos?
em tecnologias inventar
criando deuses com ships
sem corações para amar

Espertos adultos que somos
deixamos para gerações
distorcidos,pobres valores
desesperança, desilusões...

Como sábios contemporâneos
clonamos nossa matéria
não pedindo aos anjos do céu
concecer-nos alma, mais emoção...

Somos cegos seres humanos
pretensos poderosos
destruindo nossas sementes
morrendo, aos poucos, sem elas

(2008)

Filha

Sobre minha filha:
Sobre tudo
Por amor...

Casa

Minha casa não tem sótan
Para guardar lembranças
Nem jardim de terra firme
E sacada de espiar


Da janela vejo o sol
Perto do meio dia
Sala, computador
Almofadinha e fotografia

Dentro da minha casa
Tenho olhos de águia
E pensamentos loucos
Por nós dois...

9 de mai. de 2008

Negra


NA JANELA
O JARRO

FLOR VERMELHA
NO CABELO
DA MOÇA

VESTINDO
BRANCO
- COMO TUA ALMA -
LÍRIO NEGRO

Presa

Eu me solto 
Tu me puxas 
Prendes 
Pegas 
Foges 
Tu me amarras 
Eu me prendo
Tu me soltas 
Eu me fixo 
Tu te calas 
Eu te escuto 
Solta a corda 
Salta e volta 
Temos sol 
Vimos luas 
Temos luz 
Em noites nuas...

7 de mai. de 2008

Sem querer

sempre amei
homens
imaginários

assassinei-os
todos

{sem querer}

tão logo
a mim
se revelaram...

Impulso

Fecho a porta, impulso inconsciente
Impeço qualquer interferência
Gesto vago, silencioso, deprimente
Autômota a procura de luz...

Escondo a cara, o olho, a vontade
Apago o sol do provável amanhecer
Protejo a alma, total disparce
Escuro tempo desse meu anoitecer...

Percebo que a distância desse amor
Generosa no seu abandonar
Permite sossego dessa mente
Ainda com forças para cantar...

{Canções são como borboletas
Dispersas, revoadas a procurar
Flores, árvores, plena primavera
Pólens prontos para o acasalar...}

Sonho


Meu sonho dorme molhado 

Em ruas de passaventos 

Feitos como crianças 

Deitadas ao relento....

Tamanho




Um passarinho
- era bem pequeno –
pousou no
parapeito
da janela do
meu quarto

Um passarinho
- tão pequeno!
acordou-me da
sesta...

6 de mai. de 2008

Folha


Sou folha
trazida
pelo vento
Caindo...
Caindo...
C
a
i
n
d
o...

5 de mai. de 2008

Palavras 3

Ardilosas palavras
que soam como vento
soprando no alto do morro

chegam formando frases
travestidas de poemas

Jura

Juras de amor são como poemas encharcados pelo orvalho da manhã 
 Juras de amor são como borboletas 
pousam em flores e se vão 
 Juras de amor são como tempestades de verão 
quentes, vem e passam 
 Juras de amor são como verdades surgindo 
na trama cedo ou tarde 
 Juras de amor são como alimentos 
que saciam o desejo de viver

Dívida

ALGUÉM
DUVIDA
DA
DÍVIDA
DA
VIDA?

Engano 1

borboletas

de verão

se enganam

por vezes

de estação

Sentítulo

INVERNO
PRIMAVERA
POETA
É QUEM
SE
CONSIDERA

Dor 2

Porque esta dor me acompanha?
Dor física
Na perna
Profunda
Perversa
Intensa

Porque esta dor que me acompanha
Até fazer parte
De mim?

Intrusa
Perversa
Profunda
Intensa

Que bom!
Passou....

(06/03/2004)

Adeus

DIGO-TE ADEUS
ESQUEÇO TEU VULTO
ESQUEÇO DE MIM
DE NÓS

DIGO
ADEUS...

AH, DEUS!

ESQUECI
TUDO....

Busca

Hoje te vi passar apressado
como fugindo de mim
corrí atrás querendo alcançar
teu coração traidor
que sumiu na primeira
esquina, à esquerda
do meu coração parado
na rua antiga
do tempo que foi
nosso dia....

Fantasmas

Vejo fantasmas
em noites de insônia

Não dormem
não falam

Existem apenas

Enganando
mortais

Passagem

Sou mulher
Ser humano
Fera
Anjo
Tempestade
Sou vida
Depois
da
Morte

Cérebro

O CÉREBRO
É UMA MÁQUINA
ENVOLTA POR UM
CORAÇÃO

Política

Meu voto
por esperança
depositei
na eleição
passada
hoje...
meu
não
mais
nada!

Amores

Chuva fina cai noite e dia
vento forte corta coração
nem inverno é tempo
quem diria!
aliviar tamanha solidão


estação sem plantar
nem colher
terra encerrando ciclo
pensamento voando
revivendo
amores declarados - ou não ditos


onde estão palavras ternas
amedrontadas se foram...
ser real aquela primavera
bem maior é esse entardecer?


ah! amores onde foram fugitivos
andarilhos ao acaso sem saber
nesta porta bateram em abrigo
deixando, apenas, versos de sofrer


não esqueçam amores distraídos
ser sincera minha imaginação
pensar haver um entre eles
seguir mesmo caminho então


só quem sente ou sentiu tamanha dor
pode entender esse pensamento
que por consolo insiste em fazer
deitar letras por todo o firmamento.


ah! amores fugidios distraídos
partem sem piedade e se vão
como senhores egoístas e vorazes
centrados nos desejos seus


amores fugidios, distraídos
mesmo não os tendo mais amor
lembro todos, pois sem eles não teria
versos tristes prá cantar em vão

se amor fosse sempre troca igual
ninguém teria permissão para sonhar
nem pensamento perdido na janela
o infinito poderia contemplar


enquanto o homem for capaz de ser
puro amor, feito para amar
há esperança nesse mundo inteiro
ver novas vidas como flores a brotar


quisera ser como a eternidade
de amor em amores, só cantar
pois se há Deus esse deu ao homem
e só a ele capacidade de amar


ah! amores! que tamanho engano
na partida deixar outro amor ficar


ah! amor fugidio que tristeza
sem cuidar da semente que plantou
nem um fruto colherá desse pomar



se esses versos não servirem para nada
sejam eles de ensinamento
para o próximo amor chegar
com mais zelo e maior encantamento


poderia ficar horas relembrando
dos prazeres como agora estou
sentindo mãos quentes afagando
suspiros nos lençóis teus


ah! amores como tempo é passado
podemos um dia resgatar?
não voltando apenas deixarão
quem amou eterno recordar

Porto Alegre 1


Porto Alegre é assim
não tem nada a ver
segunda e domingo
Porto Alegre é assim
moderna e velha
(por isto me sinto bem nela?)

Saber

NÃO SEI
DESENHAR
NÃO SEI
ESCREVER
NÃO SEI
NADA
SEI
SER

Dor

dor no peito
medo do escuro
saudades de luz
que nunca acende
dor de amor
irreverente
quem nunca
as
sente?

Rima

se encomendam
rima
não ria
te vira
joga
prá
fora
teu
charme
de
guria

Infância

coisa bonita
riso maroto
corre
corre
escondido
brincadeira
demorada
tão boa
de brincar
passa
voa
voando
como pássaro
eterno brincar
zombaria
continua
zombar

Retta

Retta
prá
confundir
todos
os
ponto
nos
is

Brilho

não engano
nada tenho mais a dar
nem luz
para tua estrela
brilhar

Feitiço

sucessão de erros
primários, concretos
secundários, abstratos
formando blocos
indissolúveis

eternos feitiços
da vida

(21/12/99)

Entorpecente

JOGO TUDO
MEU JUGO
TE DESCONHEÇO
NO ESCURO
TE TRAGO
COMIGO
COMO
GOLES
DO MAIS
FORTE
ENTORPE
SENTE

Tristeza

Bate uma tristeza imensa em pensar
Que avida, quando quer
Ser tão triste quanto a tristeza
Cálida, funda, prostrada

Ser triste
Por tudo
Por nada
Por nós...

Bate uma tristeza imensa em pensar
Que a vida, quando quer
Vai embora sem remorso
Sem pesar

Sem ter
Que ver
O que fez
Conosco...

Bate uma tristeza imensa apesar
De querer que a vida fique
Mesmo sendo triste seu cantar
Mais triste ainda, seu passar...

(29/12/2001)

Ser

NÃO QUERO SER SOMENTE
AQUILO QUE POSSA TER SIDO
QUERO SER O QUE POSSO

Tempo

sofro o tempo que me apaga
porque vais com ele também

herança tua


lembrança que atravessa o
peito
e
cae
na
minha
alma

Das amizads (p/ a Schirley)

queria encontrar a amiga
que a vida apartou de mim
chorar com ela - bendita
dizer que nunca a esqueci
poder ficar como antes
horas e noites sem fim
bebendo, cantando e rindo
contando coisas assim
como a gente ficava
eu rindo dela e de mim...

prá Schirley - amiga - amizade
coragem não se compra na esquina
para dizer o que se sente
e pensar que um dia
- quem foi?
alguém apartou a gente

é claro que isso é saudade
de algo nunca esquecido
carinho, verdade, respeito
em versos feitos prá ti

quero viver novamente
amiga, Ninita e gurís
pensar no mate amargo
que dias contigo bebi

dar-te toda a certeza
que boas lembranças vivi
recuperar o perdido
que o dia-a-dia tirou de mim

procurar num canto na sala
ser filha do pai ausente
saber que ele nos olha
mesmo que...assim: de repente...

Schirley capeta danada
plena de personalidade
serás estrela cadente
cruzando a eternidade?

não tenho nenhum acanho
em escrever coisas prá ti
pois aprendi foi contigo
gostar de ti e de mim

se amizade é sentimento
prazer em te conhecer
gostaria - novamente
ter o abraço da gente

enquanto esse dia não chega
nem pensas em esquecer
as aventuras passadas
e as que ainda estão por vir...

(25/11/96)



corage

Máquina

transforma - mostra

molda - máquina

passa - amola

amostra - amassa

tranforma - mostra

molda - máquina

passa - transforma

a
massa

amolda

a

amostra

Guardados 80/1

nada foi
feito o sonhado
mas foi
benvindo
feito
tudo
fosse
lindo

Chegada

Se chegasses eu diria
sim!
diria que estou inteira
que nada te faltará
serei amante - sendo mãe
eterna companhia
rio de água salgada
despertaria com os demais da casa
com a mesma alegria
de pássaros
seguiria contigo
mesmo que o caminho
fosse

L O N G O
com muito prazer!


Guardados 80/1

furto o gozo
o riso
o ciso
roubo a presença
a fantasia
o adeus
escolho a letra
a música
a harmonia
me engano de novo...
em todas as vezes
me sinto
feliz!

Guardados 80

Ao mexer nas gavetas
descobri coisas
nem eu as lembrava
fragmentos de vida
esquecida
mimos singelos
vivências partidas
remexo na alma
rejuvenesço
bendita esperança
benvinda ilusão
não te busco
receio que digas
- não!
espero calada
na esperança
que acordes
percebendo
apenas
ser
óvio
este
amor....

4 de mai. de 2008

Existência

TÔ PRÁ LÁ
DE
DIFÍCIL!
NÃO SEI
SE
PENSO
OU
SE
EXISTO!

Vida

Pressão
no estômago

no olho
dor
ouvido
ferido
fome
falta

de
ar puro
clara opressão

no peito
sofrido
triste
escravidão
sangue

no coraçao
liberdade não há
P R I S Ã O
!
(19/03/80)

Engano

Vivo pensando
que tenho
a vida inteira
para pensar

- Engano
a vida pensa...

Pedra

SOU PEDRA
DE FUNDO
FALSO
MOLE
COMO
A
ALMA

Incômodo

ORA,
MOLEIRA!
NÃO
AMOLE!

Re

Renovar
Revirar
Reviver

Reabrir
Respirar
Repetir

Refletir
Rebuscar
Recompor

Relembrar
Redescobrir
Refazer

REPARTIR

Olhar sob Porto Alegre I

Não há lírios no asfalto da minha cidade
Só o trânsito invade
Tardes antes olhadas das calçadas

Hoje vazias...

{Do cachorro sarnoso
Do vizinho curioso}

Mão há flores
No jardim
Do nosso asfalto...

Estamos - inexoravelmente -
Mais pobres no olhar!

(Preta-Porto Alegre -2009)

Lagarta

lagarta lenta
leva lembranças
mariposa noturna
feiticeira do amor...

Milênio

Meu amor por você
Meu bem
Atravessa esse milênio
Vem
Por onde fui
Vai
Por onde venho

Letras 2

RAPOSA
TRAIÇOEIRA
QUE
VEM
E
ROUBA
TODO
O
TRAÇO
DA
MINHA
LETRA

Varais

Das janelas vejo fios
varais nas sacadas dos edifícios
feitos de fios
em edifícios improvisados...

varais podem ser feitos de fios
qualquer um serve
basta espuchar uma corda
extremos nas moradas...

vejo varais espichados em fios
vejo roupas penduradas como gente
vejo imaens improvisadas
janelas e edifícios...

as pessoas nào sabem
onde pendurar suas coisas
fazem varais de tudo
até de pensamentos!

das janelas vejo fios
varais em sacadas de edifícios
fios improvisadas...
(29/07/2001)

Problemas

Não quero compartilhar problemas
Esses os poetas escondem
Atrás das letras.....

Sonhos

Sonhos são como promessas
Dias melhores
Intuições

Acontecimentos!

Sonhos são temores
Desgraças anunciadas
Desconhecidas inconsciências
Apagadas pelo sono...

Sonhos são esperas
De amor mal resolvido
Saudades do que não somos...

Sonhos são homens adormecidos
Travesseiros sonolentos
Escondidos atrás dos pensamentos....

Reencontro

Encontro na tinta o manuseio fluente
Vida que insiste em estar presente

Redescubro no papel um poeta
De inverno passado, apagado
Cor de zinza de cigarro aceso
No cinzeiro vermelho!

Hein?

É
PRÁ
VALER
OU
QUEBRA-CABEÇA?

Transposição

queria escrever isto com batom

como se passasse o dedo dentro
de um copo com chocolate
e o lambesse com gula de criança!

Ferreira da Cruz

Ferra
Ferreiro
O ferro
Da Cruz


Homem de ferro
De cruz, de azul


Homem de Deus!

Do inferno
Do nada!

Trouxe prá mim
O que mais quiz

E fui prá ti
Tua única
Dúvida
Cruzada!

Haver

o que há
que há
poema feito
desfeito
que não diz
o que quer
dizer?

o que há
poesia
sem ser ?

o poeta cansado
do poema
se desfez!
[28.02.82]

Pensamento


vão da janela

- suga meu pensamento -
entreabertochega pertomais perto
o vento
vem... entra... vai...
leva e traz
meu pensar
lento...

Andanças

Deslizam fáceis palavras escritas
Escoam justapostas ao pensamento
São besouros acasalados
Criando versos de verão

Caem letras nessas linhas retas
Descansadas esperando amantes
Idéias em noites de chuva fina
Tardes quentes de verões ausentes

Arco-íris

Na cidade de Porto Alegre
Abrigando palavras apreendidas
Formando dicionário imaginário
Esquecido na gaveta do armário

Surgem sinais...

Dúvidas
De sim
E...
não!

Encomenda

Encomendaram poesia clássica
de moderna até uma prosa servia
daquelas de final de tarde
contadas para toda a família

encomendaram - por telefone-
um escrito que pudesse dizer
verso para ser lido e cantado
em seção da tarde de um dia

até recital adormecido
poderia deitar nesta hora
mas que mostrasse para o mundo
como anda a poesia lá fora.

De encomenda fiz este verso,
que dependendo do jeito que é dito
do jeito que é visto
sentido
pode ser moderno
ou clássicos de outrora

apenas uns versos debulhados
{como milho deitado às galinhas}
escondidos atras de pseudônimos
{como amantes proibidos}

Morada

Ando a procura do lugar - que um dia eu já sonhei
Aquele lugar prá ficar - acordar, adormecer
Ando a procura de mim - no sobrado do viver
Com sol na varanda - ou chuva em anoitecer

Ando a procura de mim - na morada do saber...

Assim

Escrevo assim:
aos poucos...

como se tivesse
uma vida inteira!

Sei

NÃO SEI DESENHAR
NÃO SEI ESCREVER

NÃO SEI NADA


SÓ SEI
S E R

Vazio

V A Z I O

DA PALAVRA NÃO DITA

OFENSA FALADA

DO CORAÇÃO MAGOADO

V A Z
I
O
DESTE IMENSO
N A D A

Fim do mundo

meu bem!
esse fim do mundo
não quer dizer nada.

nosso fim
já começou...

meu bem!
esse fim de mundo
não quer dizer nada.

nosso amor
já terminou...

Via

vejo
viajante
vagando
vazio

vem...

volta...


vagas
verdades
viajam
em vão...

Aprisionados

Antigamente nos jogavam aos leões
Hoje nos mantêm aprisionados em nós mesmos

Sinais das civilizações...
Cada uma deixa rastros da sua época
Com todas as contradições
Que os humanos praticam:

Da beleza mais rara
À destruição
Inimaginável!
.
(2007-05-16 - Porto Alegre)

Casulo

Fecho a porta, impulso inconsciente
De impedir qualquer interferência
Gesto vago, silencioso, deprimente
Autômato à procura da luz.

Escondo a cara, o olho, a vontade
Apago o provável amanhecer
Protegendo a alma, total disfarce
Escuro tempo desse meu anoitecer...

Nem percebo que a distância desse amor
Foi generosa ao meu eterno pensar
Permitindo o sossego de uma mente
Que tem forças, ainda, para cantar.

Pois é canção feito belas borboletas
Dispersas revoadas a procurar
Flores, árvores, plenas primaveras
Polens prontos para o acasalar.
(2005)

Saudade

Que homem
E qual
homem
É
Ser
Sem
Ter
Saudade?

Imaginação adormecida

Por vezes, aos versos, faltam textos
Aquela palavra ausente
Notas sem acordes
Notório momento gestual...

Perseguir sonhos como caminhos encantados
Pousar almas em árvores frondosas

Imaginação adormecida

Por vezes, aos versos, faltam textos!

(Preta- 2006)

Vôo

VOA
VOA
VOA
PENSAMENTO
COM O VENTO
QUE MINHAS ASAS
VEM SOPRAR...

VOA
VOA
VOA
PENSAMENTO
COM O VENTO
QUE MINHAS ASAS
VEM BUSCAR...

Salta



SALTA! 
PULA!
DANÇA! 

LÁ VAI O ESQUELETO 

BRINCANDO DE CRIANÇA!

Perdão

Quando o coração dói
O peito estufa
Pensamento vai
E fica triste!

Perdão pelo frio olhar

Boca sem falar

Não disse o que sinto: Te amo!

Janela entreaberta

Pelo veio da fresta
Minh'alma prensada, escondida
Delata o medo de ver

Vontade de me esconder...

Pela janela entreaberta
No quarto, sala, cozinha
Espiando a vida, de longe...

Esperando amanhecer
Novos dias....

3 de mai. de 2008

Onde

Onde estão os retalhos
Cacos farrapos de sobras
Que a vida deixa prá trás?

Onde estão os pedaços
Escondidos no encalço
Desse teu olhar?

Onde vão os fragmentos
Pensamentos múltiplos?

Onde estão todos os santos
Deuses, salvadores e mestres?

Onde estão fariseus
Passantes em caminhos
Sem presentes e estrelas?

Onde estão as verdades
Contos de histórias infantís?

Por onde andam pedaços
Quebrados em cacos
Colados de amor?

Onde
Estou...?

Imagem

Travo a vida que passa
Como sentimentos em trilhos

Pensamentos que vêm
Escondidos nos trens....

Passam rápido
Como paisagens

Sigo olhares
Lançados pela janela

Trato a vida
Qual imagem

Vai

Vem

Chegando...

( 2003)

Imaginação

Os poemas, frases que crio
São expressões imediatas
Na hora exata
Direta
Da imaginação.

Raizes

Que felicidade esquece
Que sofrimento evitei
Que saudades senti
Quantas mais deixei?
Que raízes são essas
Que palavras dizer?
Que frases passaram
Que caminhos tracei?

De onde vim... de longe
E aqui aportei?

Que raízes são essas
Que todas arranquei?

Que saudades de mim
Muitas mais de você...

Vértice

Vértice calculado em retas linhas
Vertigens, amores, volúpias
Vozes de paixões ocultas
Vez por outra encontradas às escuras..

Caminhos procurados ao acaso
Corações iludidos sonhadores
Somas diminutas calculadas
Caladas de adeus e de partidas...

Homens sós procurando pares
Horas inteiras, intermináveis dias
Eternas solidões vividas
Hoje, ontem, por toda uma vida...

Complementos, metades sem encaixes
Memórias guardadas para sempre

Mulheres sedentas, generosas
Molhadas em lençóis de sedas...

Vértices calculados, linhas retas
Caminhos encontrados ao acaso

Homens sós, procurando pares
Complementos, encaixes, sem metades.

Ato de amor

Como sol mais quente entre planetas
Tua pele junto a minha pousa
Encanta tardes longas de amantes
Prometendo afagos, passeando mãos...

Qual montanha fincada no horizonte
Majestosa lança apontando o céu
Entre mar e terra, esconde
Caminhos, trilhas, florestas e escuridão

Quando teu corpo delicado e forte
Encontra o meu que pulsa a esperar
Faz desse atrito belo milagre
Combustão e fogo aflorar!

Nessa hora, de total êxtase
Vou bem longe, deixo-me levar
Com certeza, meu amor, nem penso
Nunca... de lá voltar.

São encontros em tardes quentes
Que em segundos - delírios loucos
Viram estrelas em explosão.

É quando sinto ser minha tua alma
Que ao meu espírito se junta prá ficar...

22/02/99

Vai e volta

A bruxa
vai
e
volta...
A bruxa
se
revolta!

Sou eu

Tenho defeitos, muitos
Tenho virtudes, algumas
Tenho desejos,ardentes
Tenho amigos,ausentes
Tenho saudades, constantes
Tenho alegrias, bastante
Tenho arrependimentos, passados
Tenho medo, no escuro
Tenho dúvidas, atrozes
Tenho passado... em vão.

Tenho certeza: sou gente!

Direito

Individual
Coletivo
Legal
Internacional
Necessário
Real

Dos
Seres
Humanos
Direitos

Origami

Não sou lógica

Nem prática

Sou abstrática

Letras 1

Letras pousam no papel
Guiadas pela imaginação
Não querem, além de ser
Rezas de solidão...

Vão formando gemidos
Lembranças em profusão
Compondo mil palavras
Divisíveis pensamentos...

Surgem em horas diferentes
Sem licença ou compaixão
Presas fáceis de uma mente
Cúmplices do coração

Letras pousam no papel...

(18/07/98)

Escaldante

Escuto e sinto a chuvinha caindo aqui na área de trás
A janela aberta
Os pingos finos não chegam a molhar
Apenas acariciam meus braços e meus ombros

Quando veem, carregados por um pouco mais de vento
Deixam refrescar o calor do meu corpo
Que insiste em pegar fogo

Pelo sol que o diabo anda mandando para a terra!

(Preta - 03/2008)

Quinta feira no inverno de Porto Alegre

Frio sentido no corpo abandonado
Amor atirado à morte - falta de sorte!

Dói-me ver ossos e peles amontoados
Vivendo a única esperança permitida:
Cana brava para pobres indigentes

Desumano e fatal entorpecente

Frio cortando coração de homens
Desabrigados inconscientes...

Marquises e calçadas habitadas

Negros, crianças, verdades tragadas
Pela droga maior dos humanos sós
Sociais e simples pensamentos!

Dói-me ver nariz de ranho exibido em sinaleiras
Homens pequenos devolvendo vômitos
Impostos por estômagos faceiros
Da comida que já devoramos...

Quinta feira de inverno em Porto Alegre
Triste, inofensiva, calada, passiva e bela
Vista aqui do quarto - quente - pela janela...
Dói ver-me assim – apenas - fazendo parte dela
(03/05/99)

Humildade

Preciso medir o passo
Quebrar o salto
Tirar o sapato
Pisar na terra

Colher da planta
Do pé

Preciso passar a limpo
Rasgar contratos
De meias medidas

Preciso falar com a alma
Ao pé do ouvido do coração
Voltar a contar estrelas
Dormir sob constelação

Preciso cair do galho
Amadurecer a semente
Que um dia me germinou...

(2002)