9 de jul. de 2008

A volta

Estão de volta essas linhas
Escritas como rajadas de vento
Hora quentes, por vezes... brisa
Sussurros moucos, segredos, despedidas

Esse retorno momentâneo, bem vindo
Carrega consigo curioso mistério:
Lembranças repentinas
Cúmplices de toda uma vida?

Quando passa muito tempo
Sobram letras desbotadas...
E o poeta não reage
Aceita, feliz e... volta

De retornos em cascatas
Busca apenas alimento
Qual dependente, viciado
Em inspiração e encantamento...

Preta -Porto Alegre - Sexta-feira -Agosto -Trinta e um -Dois mil e um.

Vegetal

Trabalho
Desperto
Acordo
Levanto
Dirijo
Indigesto
Não vivo
Levam-me
Sem tempo
De ser feliz!
(Porto Alegre, em um dia qualquer)

Aprisionados

Antigamente nos jogavam aos leões
Hoje nos mantêm aprisionados em nós mesmos!
Sinais das civilizações...?

Cada época deixa rastros da sua passagem
Com todas as contradições humanas:

Da beleza mais rara
À destruição inimaginável!

(2007-05-16)
Porto Alegre

500 enganos

São muitos enganos que temos
Cada um parcela de culpa
São tantos anos morrendo
Pedindo, sempre desculpas...
Quinhentas vezes malditos
Homens que aqui aportaram
Trazendo com eles os gritos
Suores, açoites, descasos
São tantos enganos vividos
País do futuro sem nada
Indefeso como selvagens
Sem rios e matas à tarde
Dignidade sempre curvada
Fragmentos de vida aos pedaços
Nem mais quinhentos anos bastarão
Contar essa triste jornada:
Quinhentos anos de exploração.
(Preta, Porto Alegre, 14/04/2000)