5 de nov. de 2012

Dizem

Dizem que no tempo dos bondes era melhor
Saudades repousam no iê-iê-iê
Carnavais de tribos e blocos
Bailes em salões dourados

[Bêbados arlequins e colombinas]

Dizem que no tempo dos bondes era melhor
Jovem guarda sábados à tarde
Sobe-desce a rua Augusta
Maiôs inteiros in Copacabana


[Alaska esquina Sarmento]

Dizem que no tempo dos bondes era melhor
Martha Rocha virou bolo
Embolada de lembranças
Que agora vem com chip

[Lazer e desesperança]


Dizem que no tempo dos bondes era melhor
O abram alas que eu quero passar
Getúlio Vargas botava prá quebrar?

Fila do pão na madrugada
Tempos de guerra mundial
Hiroshima, Nagasaqui
Lata d´água na audiência
Emilinha, Carmem Miranda
Brilhando em Holliwod

Dizem que no tempo dos bondes era melhor

Cor na tela da TV
Velho guerreiro confundindo tudo
Planos e moedas sem dinheiro
AI 5 sem justiça, sem perdão!

Dizem que no tempo dos bondes era melhor

Futebol paixão nacional
Pernas tortas, que bolão!
Tetra da miséria
Sufoco e repressão....

Dizem que no tempo dos bondes era melhor...

Ré lembro

penso e repenso
à noite cansada
e ouço
sem ver
luz no dia

lembro de ti
como passado
que insiste
em viver
comigo

{sinto}

emoção
tantas quantas
vezes

{penso}

foi uma vida!

1 de nov. de 2012

Vértece

Vértice calculado em retas linhas

vertigens, amores, volúpias

vozes de paixões ocultas

vez por outra 
encontradas às escuras...



Caminhos traçados sem acasos

corações iludidos, sonhadores

somas diminutas calculadas

caladas de adeuses em partidas


 
Homens sós procurando pares

horas inteiras, intermináveis dias

eternas solidões vividas

ontem, hoje, 
por toda uma vida

Complementos, metades em encaixes...


Memórias guardadas para sempre

humanos sedentos, generosos

molhados em lençóis de seda...